Deolane Bezerra: 'Sempre quis me sentir poderosa para afa*gar meus próprios medos' (2024)

Deolane Bezerra: 'Sempre quis me sentir poderosa para afa*gar meus próprios medos' (1)

“Dona da própria matéria, é doutora dos viela criminal, eu incrimino ela”, diz a frase estampada no capacho da porta de entrada da casa de Deolane Bezerra, 34 anos, num condomínio de luxo nos arredores de São Paulo.

A rima foi tirada de “Doutora 1”, música que MC Kevin fez para a amada antes mesmo de engatarem o romance. A memória do funkeiro, que morreu aos 23 anos, depois de cair do quinto andar de um hotel no Rio de Janeiro, ainda está viva no imóvel alugado, de 1.200 metros quadrados, avaliado em R$ 11 milhões, no qual a advogada criminalista mora com os três filhos: Giliard, 18, Caíque, 16, e Valentina, 5.

Um grafite do rosto do cantor decora a sala, contrapondo-se a lustres de cristal, molduras douradas e xícaras de porcelana da grife italiana Versace. “Até hoje, tem dias em que acordo achando que [a morte do MC] foi um pesadelo e abro o Instagram para ver se é verdade”, diz ela, que, após a perda, tatuou na panturrilha uma foto dos dois abraçados.

Era tarde de 16 de maio de 2021 quando Deolane, que estava dormindo na suíte de um hotel na Barra da Tijuca – depois de um show de Kevin na madrugada –, foi informada de que o noivo havia caído da varanda, numa história que envolvia amigos, bebidas, drogas e sexo (a pedido da mãe de Kevin, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que o Ministério Público volte a se manifestar no âmbito do inquérito, que havia sido arquivado em fevereiro. Deolane não quis se manifestar sobre o assunto). “Rezei para Deus para ele ficar bom, dizia que ficaria com ele de qualquer jeito para o resto da vida”, diz.

Desde que começaram a namorar, Deolane e Kevin Nascimento Bueno viviam um relacionamento de idas e vindas, marcado por abusos, ciúmes e troca de ofensas nas redes sociais. “Mas ele vinha mudando. Toda essa dependência emocional deixou de existir nos últimos dois meses [de vida do MC]. Depois que nos reconciliamos em Dubai e noivamos em Cancún, ele mudou. Dizia: ‘Não preciso mais ter ciúme, estamos juntos até que a morte nos separe’.”

Logo após a morte do funkeiro, Deolane – que já tinha 1 milhão de seguidores no Instagram – viu esse número crescer em progressão geométrica, agregando a seu currículo de advogada criminalista o de influenciadora e DJ. “Até o fechamento desta edição, ela somava 22,2 milhões de seguidores, distribuídos em três perfis. Os ataques e haters vieram de maneira proporcional ao sucesso.

Deolane é acusada por fãs e amigos do funkeiro de ter se relacionado com ele por interesse. “Kevin nunca me deu nada. Estávamos no meio da pandemia quando começamos a namorar, então ele não fazia shows. Ajudei financeiramente inclusive a família dele”, conta a advogada, que garante ter emprestado R$ 500 mil à sogra e, após a morte do noivo, perdoado a dívida.

Muito se especula também sobre a fortuna da advogada criminalista, nascida numa família simples em Vitória de Santo Antão, interior de Pernambuco. Rumores dão conta de que a vida de ostentação e luxo – com direito a carros importados na garagem, joias valiosas, compras com dinheiro vivo em lojas de grife como Gucci e Louis Vuitton – vem do trabalho que presta para a facção criminosa PCC.

“Eu advogo, sim, para alguns membros de facções, mas para determinados casos. Não sou advogada de todos”, explica ela, que divide o escritório Bezerra Advogados & Associados com as duas irmãs, Daniele e Dayanne.

Nesta entrevista, Doutora Deolane, como gosta de ser chamada, lembra de episódios difíceis da infância, como o dia em que a mãe quebrou a casa numa briga com o então padrasto e decidiu se mudar com as filhas para São Paulo. Conta que, desde os 6 anos, sabia que seria milionária, detalha o relacionamento tóxico que viveu por um ano e meio com Kevin e diz que não sabe se vai conseguir amar de novo.

MARIE CLAIRE É verdade que desde Kevin você não beijou mais na boca?
Deolane Bezerra
Sim. Não é que não superei, é que não encontrei alguém à minha altura. Quero me apaixonar, mas me sinto retraída ainda. O relacionamento [com Kevin], embora tenha sido bom na parte de amar, foi desgastante e não quero repetir isso.

MC Você diz que já queria terminar com Kevin antes de ele morrer. O que a impedia de sair do relacionamento?
DB Eu temia pela vida dele, porque ele era inconsequente. Então não sabia como terminar. Cheguei a perguntar se ele confundia o amor que sentia por mim com amor de mãe. Porque eu o protegia, resolvia seus problemas. Eu tinha um amor muito grande pelo ser humano Kevin. Só que era um garoto que estava crescendo, vivendo aquele mundo artístico no qual as mulheres realmente se jogavam em cima dos famosos. No dia em que ele foi parar na UTI porque enfiou o carro no portão da minha casa depois de uma briga, sua mãe pediu que ele me deixasse em paz. Meus amigos delegados me diziam: “O que você está fazendo?”. Hoje enxergo isso como uma dependência emocional.

"Eu temia pela vida dele, porque ele era inconsequente. Então não sabia como terminar"

Deolane Bezerra

MC O que temia de fato?
DB Eu tinha medo do que ia gerar. Porque a gente brigava e o Kevin ia para a internet, falava no show: “Minha mulher me largou”. Aí os fãs me xingavam, falavam que eu era aproveitadora, que só queria fama. E ele falava muito: “Até que a morte nos separe”.

MC Depois que se conheceram, demorou um ano para ficar com ele. Preocupava-se com a diferença de idade?
DB Eu dava risada. Achava ele um moleque audacioso. Nunca tinha ficado com alguém tão mais novo [Kevin tinha dez anos a menos que Deolane]. Ele foi me ganhando aos poucos. Meus amigos falam que ele me comprou com a música “Doutora 1”.

MC E no dia 16 de maio de 2021, quando ele morreu, você se lembra de tudo o que aconteceu?
DB De tudo, não uso drogas, né? Estava cansada, só queria dormir. E ele no gás.

MC Ele tinha usado drogas?
DB Ele usou droga sintética, MD, bala.

MC Você estava dormindo quando tudo aconteceu?
DB Sim, porque a gente brigou quando chegou ao hotel. Acabou o show e os amigos solteiros teriam que ir embora, mas quiseram ficar no Rio. E quem ia pagar o hotel? Aí ele também queria ficar na beira da praia e eu não aguentava, queria dormir. Ele me infernizou a tarde inteira, ficava me ligando. O bloqueei e fui deitar. Foi quando os amigos dele chegaram e falaram que ele tinha se jogado. Pensei que era brincadeira, porque não achava uma explicação. Fiquei sabendo do envolvimento da garota de programa na delegacia.

MC O que, de fato, houve naquele quarto?
DB Ele não queria subir para o hotel [com ela]. A minha briga com os amigos dele foi por isso, porque ele não queria subir, me trair. E o amigo dele: “Vamos”. Porque só tinha condição de ficar com ela se Kevin pagasse.

MC Você chegou a vê-lo no chão, depois da queda?
DB Na primeira parada cardíaca, ele levou 10 minutos para voltar. Rezei para Deus para ele ficar bem, dizia que ficaria com ele de qualquer jeito para o resto da minha vida. Fiz milhões de promessas. Aí o médico me chamou, disse que ele teve três paradas cardíacas e não resistiu. Meu mundo desabou. Não tinha força na perna, fui esmorecendo. Me via numa cena de novela. Até hoje, tem dias em que acordo e abro o Instagram para ver se é verdade.

Deolane Bezerra: 'Sempre quis me sentir poderosa para afa*gar meus próprios medos' (2)

MC Você já fez terapia?
DB Fui fazer depois disso. Mas engano os terapeutas, minto para eles. Outro dia vieram com papo de depressão. Que depressão? Quando estou aflita, o meu livro é a Bíblia. Meu maior direcionamento é Deus. Ele conversa muito comigo. Fui muito julgada numa entrevista que dei falando que, quando Kevin morreu, passei uma semana sem falar com Deus. Cheguei a falar para Deus que, por ser mais velha, ele deveria ter me levado, porque o Kevin ainda tinha muita coisa para fazer. Então, um dia estava tomando banho e Deus falou: “Filha, você vai ter que conversar comigo, chegou a hora. Você se lembra quando me pediu para tirar você desse relacionamento, que não aguentava mais? Ou era você ou era ele! E agora você está aqui. Valorize sua vida”. Foi quando comecei a aceitar a morte dele.

MC Quero saber da sua infância no interior do Nordeste. Como foi? Quem estava por perto?
DB Fui criada só pela minha mãe [Solange], que se mudava mais que cigano. Moramos em Caruaru, Aracaju. Como ela tinha lanchonete e meu padrasto era caminhoneiro, a gente acompanhava os destinos deles.

MC E seu pai?
DB Morreu mês retrasado. Minha mãe se separou quando eu tinha 2 anos. Não tive convivência com ele. Trinta anos depois, ele apareceu pedindo pensão e a gente teve que sustentá-lo.

MC Qual foi o motivo da separação de seus pais?
DB Meu pai era vagabundo, cachorro, traía, batia na minha mãe. Consegui perdoá-lo uma semana antes de ele morrer, dentro da igreja. Mas não tenho lembranças dele, só pelas histórias que minha mãe conta.

"Não vivo bem só agora. É que as pessoas resumem a minha vida a um ano e meio de namoro com o Kevin"

Deolane Bezerra

MC Quais eram seus sonhos de criança?
DB Ter o que tenho hoje. Eu falava que ia morar numa casona, ter carrão, ser bem-sucedida profissionalmente, cheia de joias. Brincam me perguntando se não me impressiono com o que conquistei. Digo: “Não, porque eu já sabia que tudo isso aconteceria”.

MC Como tinha tanta certeza?
DB Sempre tive um íntimo muito forte com Deus. Ele me mostra as coisas desde que tenho 6 anos. Não vivo bem só agora, faz uns quatro, cinco anos que venho realizando todos os meus sonhos. É que as pessoas resumem a minha vida a um ano e meio de namoro com o Kevin.

MC Como era a relação da sua mãe com o seu padrasto?
DB Lembro das brigas, ele era ciumento. Nunca vi minha mãe apanhar, mas ela quebrava a casa inteira. Nunca quebrei nada numa briga, odeio. No meu segundo casamento, quando o pai da minha filha gritava, eu dizia: “Cala a boca, meus filhos não têm que escutar”. Preferi me separar para eles não presenciarem brigas. Isso gera traumas que você só enxerga depois de certa idade.

MC Acredita que sua personalidade justiceira surgiu de ver cenas como essa em casa?
DB Sim. Sempre achei minhas irmãs frágeis, então brigava por elas. Via minha mãe suportando coisas para não faltar nada para as filhas. Mas também presenciei a fase em que ela resolveu vir para São Paulo com apenas uma mala e criar as filhas sozinha.

MC Vocês se mudaram para São Paulo em 1996. Foi na tentativa de uma vida melhor?
DB Foi depois de uma briga em que ela quebrou a casa inteira e falou para a gente vir embora. Viemos para a casa do meu tio no Grajaú [extremo sul de São Paulo]. Eu tinha 9 anos. A gente dormia na cozinha e minha mãe, no chão. Depois de alguns empregos, ela montou um bar lá. Aí um cara chegou, viu a mulher dele com outro e disparou um monte de tiros enquanto a gente trabalhava. Com medo, ela vendeu a lanchonete e fomos morar no centro de São Paulo, perto da Rua 25 de Março, que foi onde tudo mudou. Montamos uma banca que vendia brinquedos, eu ia ao Paraguai buscar muamba, entramos na faculdade de direito.

MC Foi nessa época que adotou seu filho mais velho?
DB Não adotei, ele não tem meu nome, peguei para criar e ficou. Ele é filho de uma mulher que morava ao lado da lanchonete da minha mãe. Com 1 ano e 7 meses, ele estava sozinho em casa e chamaram a polícia para levá-lo para um abrigo. Como tinha contato com ele, dava comida, pedi para ficar até a mãe dele chegar e ele está comigo até hoje. Eu fui a primeira pessoa que ele chamou de mãe. Foi bem difícil criá-lo aos 16 anos, me desdobrei a vida inteira para pôr em escola particular, pagar convênio de saúde. Também contei com a ajuda da minha mãe. Quatro anos depois, a família veio atrás dele para pedir Bolsa Família. Aí falei: “Agora vocês não levam mais não”. Falam que ele parece mais comigo do que os meus de sangue.

MC Dois anos depois, você engravidou. Foi planejado?
DB Não. O pai do Caíque era um cliente da lanchonete. Ficamos juntos por dois anos e meio e engravidei. Casamos e fomos morar com a minha mãe. Estava no primeiro ano da faculdade. Todo mundo achou que eu fosse desistir de estudar, mas fiquei firme até o nono mês, indo para a aula com barrigão.

MC E por que o casamento acabou?
DB Porque ele começou a usar cocaína. Me contaram e não acreditei. Até o dia em que vi e acabou para mim. Mas, mesmo me dando dor de cabeça até hoje, sou apaixonada pelo ser humano que ele é. Inclusive, quando comecei a namorar o Kevin, minha mãe falou: “Arrumou outro drogado”. Aí eu disse: “É maconha”. O Kevin tinha feito a minha cabeça de que maconha não é droga, porque foi criada por Deus [risos].

MC E você, já usou drogas?
DB Maconha. [Experimentei] para transar, fico muito sensual.

MC E sobre o seu segundo casamento, como foi?
DB O conheci em 2010, no samba. Ficamos juntos por oito anos e tivemos a Valentina. Ele tem cinco filhos, mas só quer saber da minha. Me tratava bem, mas me botava chifre. O povo me contava e ele negava. Dissimulado! Ainda ameaçava dar cacete nas mulheres.

MC Mas ele a agrediu alguma vez?
DB Não, não tive problema algum de agressão nos meus relacionamentos, porque nunca dei liberdade.

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MC De onde surgiu o interesse pelo direito criminal?
DB Daquele senso de justiceira da infância. Tinha vontade de ser juíza, delegada, concursada. Para isso, fiz advocacia e acabei me apaixonando por confrontar as autoridades. Como vim da comunidade, criminal fazia todo o sentido. Não queria ser advogada para ficar engomadinha dentro de escritório, sem ir para a ação.

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MC Você também dizia que queria ser delegada para andar com arma na cintura.
DB Sempre quis me sentir poderosa para afa*gar meus próprios medos. Porque tinha receio de não conseguir superá-los, então já dava um passo à frente do meu medo para não precisar de ninguém.

MC Como foi se tornar famosa, influenciadora e DJ?
DB É muito louco tudo isso. É bom, mas tem hora que... Por exemplo, na semana passada fui fazer uma audiência. Eu estava precisando disso. Já estava me sentindo inútil, sem ter rotina. É muito bom ser famosa, mas tem hora que me sinto um produto.

"Se você hoje for advogado criminalista e não advogar para quem é de facção criminosa, você não advoga para ninguém. São eles que têm dinheiro"

Deolane Bezerra

MC No começo da carreira, você cobrava R$ 200 para acompanhar um cliente na delegacia. E hoje, quanto custa para contratar seus serviços de advogada?
DB Depende do crime e do trabalho. Tráfico de drogas, quem é a pessoa, é o chefe, o dono de tudo, ou é o que vende, que não tem dinheiro e arrisca a própria liberdade? Mas o mínimo para começar é R$ 10 mil.

MC Ganha mais com a internet do que com o direito?
DB Sim, porque reduzi os clientes. Hoje não consigo estar na delegacia todos os dias. E três stories com um feed no meu Instagram custam R$ 100 mil, no mínimo.

Deolane Bezerra: 'Sempre quis me sentir poderosa para afa*gar meus próprios medos' (3)

MC Dizem que sua fortuna vem por ser advogada do PCC. Há algo de verídico nisso?
DB Advogo, sim, para membros de facções, mas para determinados casos. Não sou advogada de um todo, que é ilegal. Se você hoje for advogado criminalista e não advogar para quem é de facção criminosa, você não advoga para ninguém. São eles que têm dinheiro.

MC Não tem medo de defender criminosos? Eles já a intimidaram ou ameaçaram alguma vez? E a polícia?
DB Não sinto medo porque a única coisa que prezo é a verdade. Não faço promessas. Nunca me senti intimidada nem fui ameaçada. Alguns policiais já me olharam feio, principalmente quando chego com o cliente e ele fala: ‘Doutora, não fiz isso, é mentira’. Aí, bato de frente, peço acareação, perícia...

MC Há rumores também de que você manteve relacionamentos com alguns líderes.
DB Eu fui na delegacia porque estava circulando em toda a internet que meu filho adotivo era filho de um membro da facção criminosa. Do Gegê do Mangue, Abel Vida Loka, sei lá. Diziam que cada filho meu era de um membro da facção. Eles podem não prestar, mas nenhum pai dos meus filhos é membro de facção.

MC Quando foi o turning point da sua vida, que tornou você uma advogada bem-sucedida?
DB Quando começaram as audiências de custódia em São Paulo. Comecei a realizar alguns sonhos. Na época, trocar meu apartamento para um com varanda gourmet no local em que queria foi minha maior realização. Também comprei um carro de meio milhão de reais. O direito criminal é bom. É um dinheiro imediato, você recebe para ir à delegacia, ir ao fórum. Já recebi muito pagamento em nota de R$ 10, R$ 2. Sendo dinheiro, pode mandar.

MC Como se sente em ser paga com dinheiro ilícito?
DB Se um traficante tiver problemas cardíacos, o médico não vai perguntar de onde veio o dinheiro dele. Mas na advocacia criminal insistem em fazer essa pergunta.

MC Você vive numa casa de R$ 11 milhões, dirige carros milionários, usa joias valiosas e faz viagens internacionais. Ostentação é um lifestyle ou é natural?
DB Para mim é normal o que vivo. Antes eu comprava tudo no cartão de crédito, porque sabia que iria ganhar o dinheiro para pagar. Hoje é à vista ou no Pix.

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